Um dia para festejar o solo
Dia Mundial do Solo
Arnaldo Colozzi Filho
5/12/2013
5/12/2013
Para nós, Paranaenses, este dia deve ser um dia especial, de reflexão. Nosso solo, historicamente, tem sido a base de nossa economia, com a agropecuária sendo fonte de geração de emprego, renda e divisas, ligada à indústria de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas, a uma diversificada agroindústria e a um grande conjunto de serviços na cadeia de agregação de valor. Se o solo é o suporte de todo o sucesso da agropecuária paranaense, cujo resultado soma atualmente cerca de 10% do PIB do estado (IPARDES, 2012), podendo chegar a mais de 30% se considerarmos toda a cadeia correlata, então, de sua exploração correta e preservação dependem a continuidade e o sucesso deste negócio, e a sustentabilidade da sociedade Paranaense.
E o Paraná tem do que se orgulhar! Dados recentes baseados no Censo Agropecuário do IBGE apontam que 73,7% dos 5 milhões de hectares cultivados no estado estão no sistema plantio direto (Fuentes-Lanillo et al., 2013). É o maior percentual de terras sob sistema conservacionista dentre as unidades federativas. Esta é uma liderança qualificada, que advém do desenvolvimento e da transferência de tecnologias de modo regionalizado, que no Paraná têm sido feitos por várias instituições, com competência e obstinação. Minimizar o impacto do cultivo sobre o solo e aumentar a eficiência dos fatores de produção e dos processos produtivos tem sido a tônica, com a consciência de que o solo é um recurso natural precioso, de taxa de renovação baixíssima ou quase nula.
A história de uso e ocupação do nosso solo nos ensinou que preservá-lo é garantir o futuro. Dos erros do passado, quando toneladas de solo eram arrastadas pelas chuvas para os rios, desenvolveu-se a capacidade para a busca de soluções técnicas e o treinamento continuado dos que estão envolvidos para a solução dos problemas. Grandes ações e programas de manejo e conservação do solo foram levados a cabo, com a adesão de grande parte dos principais atores do agronegócio no estado. Hoje, proposições que não privilegiem conservação do solo e preservação ambiental não têm aderência entre nós. Movimentos imediatistas que tentam simplicar as tecnologias preconizadas tem sido combatidos com afinco. Não cabe aceitar a volta da idéia da exploração do solo sem preservação.
Neste sentido, projetos de pesquisa com foco no manejo conservacionista do solo têm sido executados em redes multi-institucionais, integrando realidades regionais e competências distintas, o que certamente contribui com o aperfeiçoamento das tecnologias praticadas. Universidades e Institutos de Pesquisa cada vez mais dão foco ao conservacionismo em seus cursos de graduação e pós-graduação. O Paraná tem hoje uma rede de instituições de ensino, pesquisa e extensão espalhada por todo o estado, capaz de atuar e dar respostas aos diferentes desafios da agropecuária, considerando as diferenças edafoclimáticas regionais.
É neste ambiente profícuo de competências e responsabilidade que o Núcleo Estadual da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - NEPAR trabalha, congregando forças e esforços no sentido do uso e manejo o mais qualificado possível do nosso solo, nas áreas rurais ou urbanas. Um dos resultados mais expressivos do NEPAR foi a recente realização da III Reunião Paranaense de Ciência do Solo, em maio de 2013 em Londrina (www.rpcs2013.com.br). Neste evento estiveram reunidos aproximadamente 680 participantes ligados à comunidade científica e ao agronegócio paranaense, debatendo temas de interesse regional com foco no uso, manejo e conservação do solo nos sistemas agropecuários. O vigor do evento se expressou na qualidade das 234 contribuições técnicas publicadas nos Anais, na participação de representantes de 115 instituições ligadas à pesquisa, extensão e ao agronegócio no estado, e nas principais recomendações dos palestrantes. Segundo estes, em síntese, o uso e manejo conservacionista do solo é um processo de busca e aprendizado contínuo, que deve ser perseguido por toda a sociedade. A sustentabilidade é uma resultante da busca e aplicação dos novos conhecimentos e deve ser incentivada sempre.
O NEPAR acredita na “Força Conservacionista” da sociedade paranaense e de suas organizações, e neste dia 5 de dezembro, Dia Mundial do Solo, conclama a todos para que continuemos a trabalhar em prol do solo do nosso estado.
Arnaldo Colozzi Filho é engenheiro-agrônomo, doutor em Solos/Microbiologia do Solo, pesquisador do Iapar e diretor do Nepar – Núcleo Estadual do Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.
Parabéns produtor brasileiro aos Pioneiros do Plantio Direto, extraordinário trabalho que alia conservação e produtividade...
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